quinta-feira, 6 de agosto de 2015

5 coisas diferentes com o nascimento do segundo filho

Mais uma vez partilho um texto que, não sendo meu (daqui), vale a pena dar a conhecer ...

"Ao fim de 3 meses de ter sido pai pela segunda vez, posso assegurar-vos que a segunda vez tem sido tudo o que eu imaginava: um terror.
Mas já estar mentalizado ajudou. Ao contrário do que parece ser habitual na maioria das pessoas, eu não apaguei da memória e experiência dos primeiros meses de um bebé. Somando isso à já existência de uma criança de dois anos, claro que estava a olhar para um copo meio vazio (mas cheio de lágrimas e bolsado).
Mesmo a Ana, que é mas tranquila do que eu, chegou a admitir que estes primeiros tempos iam ser difíceis. A grande diferença é que a Ana – que, pelos vistos também tem memória selectiva -, achava que os tempos difíceis se resumiam ao primeiro mês. Eu sei que isto não vai melhorar tão cedo.
Mas tenho estratégias de motivação, não se preocupem.

Mas tenho estratégias de motivação, não se preocupem.

Como podem ver calhou-nos outro recém-nascido pouco dado a dormidas estáveis e horários regulares. Pelo menos não os podemos acusar de não respeitarem a tradição. Mas há coisas que são diferentes com o segundo filho. Como por exemplo:

#1 – Estamos mais descontraídos

No primeiro filho, ainda frescos do doutrinamento do curso pré e pós-parto, tínhamos todo o cuidado com germes e contágios, a atenção ao barulho ambiente, a perturbação de ter televisão ligada, a importância de se adaptar a uma rotina de sono, o cuidado de não deixar o bebé adquirir manhas… mas hoje em dia:
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Tentar evitar germes e barulho em casa com uma criança de dois anos por perto? AH!
É a mesma coisa com o sair à rua. No primeiro filho éramos muito mais caseiros, afinal o bebé é frágil e há que protegê-lo dos elementos e das velhas na rua que lhe querem esfregar o dedo na bochecha. Mas a partir do segundo filho ficámos mais descontraídos. Íamos ao parque, almoçámos fora, lanchávamos juntos, até ao Oceanário a bebé foi com três semanas.
E isto foi porque deixámos de ter medo dos germes e da exposição a transeuntes? Não… Mas ficar em casa com uma criança de dois anos é MUITO mais assustador do que andar na rua com um recém-nascido.
rorsarch

#2 – Estamos mais confiantes

O segundo filho também traz uma dose reforçada de confiança. As pessoas que nos rodeiam sentem isso. É como se tivéssemos deixado de ser aqueles pais meio tontinhos e desorientados para ser uma FAMÍLIA. Os casais com mais filhos já nos respeitam. Os casais de um só filho sabem que estamos acima deles.
Mas, para ser sincero, é uma sensação de confiança estranha. A dada altura começamos a perceber que não é bem aquela confiança das pessoas que refilam com o homem do talho por causa da qualidade da carne (eu só sei que a carne é má quando está roxa), mas é mais aquela segurança do bêbado que sai da discoteca às seis da manhã e diz que “tranqilosh qui extouu beim para guiaaar”.
Ou a confiança do gajo que canta no topo de uma escadaria.
Ou a confiança do gajo que canta no topo de uma escadaria.
Pois. É a confiança de pessoas com pouco oxigénio no cérebro. Pessoas que SÓ QUEREM É DORMIR.
Tipo, o bebé acorda no berço a berrar a meio da noite? Não há drama nenhum, vem aqui dormir para cima de mim.
Epá cuidado que o bebé desenvolve manhas, ele tem de aprender a dormir na caminha dele para ver se aprende a sentir-se seguro, o co-sleeping é coisa de hippies
Ai sim? Então aparece cá em casa às quatro da manhã e podes ensinar a este projeto de ser humano, detentor de um QI de -20, como é que se faz para dormir seguro.
Isto não tem nada a ver com co-sleeping. Isto é Fuck, I need sleeping. (É este tipo de confiança lunática de que estamos a falar)

#3 – Estamos menos exigentes

Quando não temos filhos podemos fazer o que nos apetece, quando nos apetece. Estou a falar de momentos de lazer acessíveis à maioria dos mortais, tipo ler um livro, sair à noite, jogar computador, namorar, etc. Quando temos um filho, podemos fazer estas coisas quando o miúdo está a dormir.
Quando temos um filho e um recém-nascido podemos fazer estas coisas naqueles cinco minutos em que eles estão a dormir ao mesmo tempo, que é quando um não acorda aos berros ou em que nós ainda não adormecemos.
Já faltou mais para tentar o Método Canguru.
Já faltou mais para tentar o Método Canguru.
O que leva a um repensar da qualidade destes tempos livres. Lembro-me do desespero na altura do Mexicano, em que queria aproveitar para ver um episódio de uma série ou jogar um Fifa, e ele não aguentava mais de dez minutos na cama.
Hoje em dia se a constatação é “ela só faz sestas ao colo”? Maravilha, deixa-me ir buscar o iPad que tenho imensa coisa para ler. Vinte minutos no sofá com um bebé a regurgitar bocadinhos de leite de mama coalhado no meu ombro enquanto leio a Wired? Um luxo.
Nunca pensei dizer isto, mas quando vamos almoçar fora, a preocupação agora é ir a restaurantes ‘familiares’. Não quero saber do sítio que faz Prego de Ceviche de Espadarte no Caco. Dêem-me um restaurante italiano barulhento, uma imperial, uma pizza que não tenha fruta, e sou um homem feliz.

#4 – Parece que fizemos um ‘downgrade’ de modelo de bebé

Já vos aconteceu ter de pôr o smartphone a arranjar e termos de andar com um modelo de substituição que é um telefone estúpido em que a internet é algo chamado WAP? Essa coisa sinistra de ter de aceitar que o telefone volta a ser um objecto só para fazer chamadas e enviar mensagens. Um… telefone.
É horrível, sobretudo porque sentimos que todas as pessoas reparam no nosso dumbphone e nos tomam por um qualquer Neanderthal. Apetece dizer a toda a gente que “o meu telefone habitual é um Nexus, o telefone vanilla que a Google produz, eu juro, este trambolho é só uma substituição, por favor não me julgue”.
Ainda se fosse assim numa peça vintage.
Ainda se fosse assim numa peça vintage.
Voltar a ter um recém-nascido em casa é mais ou menos isso.
É que ali a partir do ano e meio, dois anos, o nosso filho começa a interagir mesmo connosco. Inicia conversas, percebe brincadeiras, ri-se de piadas. E, acima de tudo, começa a entreter-se sozinho. Ver um filho a brincar sozinho é como perceber que não precisávamos de fazer sempre os trabalhos de casa. É sentir que a vida vai mudar para melhor.
Um recém-nascido é voltar à casa da partida. É que já nem há aquela ilusão de ser o primeiro bebé na casa e estarmos sempre obcecados em extrapolar todos os sinais: “olha, abriu os olhos – é muito atenta!”, “oh, hoje espirrou, que bela espirradora”, ou “bem, hoje ouviu música e franziu a testa, vai ser uma artista”.
Não. É dar de comer, embalar, e mudar fraldas. É que até o resto da família (que entretanto já viu chegar novos netos e sobrinhos), se dá ao luxo de dizer: “pois nesta fase não desenvolve muito”. Obrigado, família.
Mas eles têm razão, não há grande mistério.
Mas eles têm razão, não há grande mistério.

#5 – Lidar com o choque do novo irmão

Deve ser como chegar um dia a casa e ver a nossa mulher toda enroscada com outro homem. E depois de perguntamos o que vem a ser aquilo, de olhos bem arregalados como se fossemos o António Silva num filme dos anos 50, ela responder-nos com ar sereno que “é o Alberto, o meu novo amor, anda dar-lhe um beijinho”.
E nós ali, sem perceber bem o que se está a passar, porque razão levou um Alberto lá para casa, se estava tudo tão bem, e ela com explicações esfarrapadas sobre o amor não se dividir, e sim multiplicar, e que agora estamos todos juntos e vamos ser muito felizes.
Claro que a reacção normal a isto seria algo entre ter vontade de chorar como um histérico e de querer enfiar um frasco de pó de talco pela testa do Alberto. Mas não temos escolha, e, ainda por cima, vamos ter de pôr a cama do Alberto no nosso quarto.
A sério, a sensação de já não ser o centro das atenções, de ver o amor da pessoa mais importante da nossa vida estar agora focada num ser que nem distingue um popótamo de um chichauro, não anda longe disto.
E imagino que também deva estar a ser difícil para o meu filho mais velho*.
mindblown
*(por acaso temos tido bastante sorte com o processo de adaptação, podemos falar nisso num outro post)

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