sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A amamentação e eu...

Vi hoje no jornal Sol, que a  International Baby Food Action Network  anda muito indignada porque as empresas que fabricam leites artificiais praticam campanhas de marketing muito agressivas e que por isso desvirtuam a importância da amamentação para o bebé.

Eu tenho uma opinião muito própria do leite artificial e dos biberons: são os meus melhores amigos!

Lembro-me de um episódio que aconteceu ainda no século passado, em que numa mesa de restaurante durante um jantar, uma das minhas amigas, que tinha sido mãe recentemente ter afirmado que não tinha gostado de dar de mamar, que era doloroso, e que retirava o leite com a bomba e que congelava para poder dar mais tarde.

Fiquei chocada com tais afirmações e pensei como ela era tonta em dizer aquelas coisas que amamentar deveria ser a coisa mais bela do mundo.

Anos mais tarde fui mãe...

Nunca me lembrei tanto das palavras daquela noite.

Posso-vos dizer que tive dois filhos e que prefiro passar por todo o processo de parto do que dar um só dia de mamar...

A amamentação foi das experiências mais dolorosas que tive.

Lembro-me de ouvir as criaturinhas chorarem com fome e de eu pensar :"Não , não me digas que já passaram três horas!"

A hora de dar de mamar era um momento de suplicio... as lágrimas escorriam pelo meu rosto abaixo e os dedos dos pés encolhiam-se de cada vez que a criancinha sugava o tão precioso alimento.

Fui a cantinhos da amamentação, onde nos ensinam a posicionar bem o bebé na altura da mamada, comprei mamilos artificiais, cremes e "compressas" e nada, mas nada mesmo aliviava.

A bomba não ajudava... as dores existiam.

Sempre me disseram que com o segundo filho as coisas iam mudar... mas não. Pioraram até.

Não foi uma decisão tomada de ânimo leve deixar de amamentar os meus filhos. Fiquei com peso na consciência de ser uma má mãe, daquelas que pensam primeiro em si e depois nos seus rebentos.

Mesmo com tamanhas dores ia insistindo, até que às tantas o Pediatra se apercebe de tamanho sofrimento e profere esta sábia frase: "se não é um prazer para ti, também não é para o bebé!"

Decidimos (si, o pai também ajuda nestas coisas) passar gradualmente para o leite artificial...

A partir dessa altura passou a ser mamada sim, mamada não...

Naturalmente (felizmente) o leite foi secando e ficou apenas o biberão.

Com tudo isto quero-vos dizer que tenho inveja daquelas mulheres que "sacam a mamoca" cá para fora e toca a alimentar a cria como se nada fosse.

Se sou a favor da amamentação?

SIM, é um sim inequivoco a minha resposta, contudo como tudo o que é levado a um extremo terá de ser visto com cuidado.

A decisão de amamentar ou não, deve ser uma decisão ponderada. Tomada pela mãe (e pai), aconselhada pelos profissionais de saúde. Não é nenhum crime não amamentar uma criança, antes pelo contrário, é uma decisão que lhes pode salvar a vida.

Esta Associação diz que o leite artificial é caro. É verdade é caríssimo... 15€ (ou mais se forem daqueles especiais) por mês em leite é demasiado caro para muitas pessoas.... as regras que impedem a publicidade e as promoções aos leites "1" deveriam ser completamente abolidas... Entendam senhores desse mundo (que nunca amamentaram, certamente) que há mães que não amamentam porque NÃO PODEM... e a essa não é dada nenhuma alternativa.

(Já não falo das mães que, infelizmente, por diversas carências têm uma alimentação deficiente e mesmo assim a unica possibilidade que têm é de amamentar as suas crianças com um leite que seguramente será incompleto)...

Eu cá não me sinto menos mãe por não ter amamentado!

Tenho dito!!!!




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