sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Espero que não

Há uns tempos atravessei uma fase em que adorava ver na televisão as lutas de Muay Thay ou de K1.

Estava  ficar entendida na matéria. Já mandava uns bitaites e já tinha opinião sobre quem deveria vencer a luta e quem tinha estado melhor.

Nestas lutas, entram os atletas com um ar todo arranjadinho, mas saem de lá feitos num farrapo. São cabeças partidas, são sobrolhos abertos, são fraturas expostas, sei lá que mais...

Não me perguntem o que me atraía nestas lutas, mas o que é certo é que eu gostava mesmo de ver aquilo...

Havia no entanto uma "modalidade" que não gostava e que me recusava a ver.

Lutas de vale tudo ou lutas na gaiola.

Basicamente estas lutas consistem em meter duas pessoas numa gaiola e como o nome diz "vale tudo". Aquelas lutas eram brutais (aqui para quem tiver curiosidade).

Tenho ainda hoje presente uma imagem de dois brasileiros em que um deles subjogou completamente o outro e que o imobilizou por completo, enquanto esmurrava o seu adversário na cabeça que começou a sangrar por todo o lado que é possivel sangrar. E o outro continuava. E o árbitro perguntava ao que estava de baixo se queria desistir. E ele respondia que não, que queria continuar a luta.

E continuava a apanhar.

A esta altura já estava eu, sentada no sofá, enrolada na minha manta, com o rosto meio escondido a espreitar a televisão por uma nesga.
Interrogava-me eu a esta altura no que é que levaria um homem como esta a oferecer-se para apanhar a sova da sua vida.

A páginas tantas o árbitro lá achou que já chegava de pancada e ordenou que a luta acabasse.
Espantosamente o tipo que estava a apanhar ainda se virou contra o árbitro, com o que restava da sua cara, e perguntou porque é que tinha parado a luta.

-" Quando te vires ao espelho vais perceber!" - pensei eu para comigo

Ao que parece, naquelas lutas (ou pelo menos naquela, segundo explicou o lutador) o vencedor ganha um prémio chorudo, mas o perdedor ganha pelo tempo que conseguir aguentar o combate... ou seja, ganha mais quanto mais tempo se aguentar em ringue.

Esta personagem, que não era lutador - note-se - decidiu oferecer-se para entrar nestas lutas porque tinha uma familia para alimentar e estava desempregado.

Aquilo pareceu-me um ato de amor!!!

Fiquei com esta imagem e nunca mais vi estas lutas... até que vi uma noticia sobre estas mesmas lutas em miúdos.

Como em todos os desportos para se ser bom tem de se começar de pequenino... mas espero que os meus pequenotes não se lembrem de ser como estas crianças:




Doi ver estes combatentes a chorar pela mãe no final de cada combate...


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